quarta-feira, 17 de março de 2010

O Pai do Jé (em primeira pessoa)

Faziam alguns meses que não comia niguém. Mentia pra caralho. Sabe como é homem. Me sentia envergonhado, mas passava logo. Fazia orgias homéricas no quartinho de costura de minha mãe. Orgia solitária. Cansei disso.
Saí para a rua embriagado, pensei em passar fio dental, mas apenas escovara os dentes. Na saída do portão, mamãe me fez tchau e me disse para chegar cedo. Isso soaria normal se minha mãe não tivesse morrido há oito anos. Acendi um cigarro barato para tornar meu hálito um pouco mais agradável às femeas, não adiantou nada. Diante da terceira recusa, parti para a ignorânica. Bebi tudo o que comprava e o que me ofereciam. Até o que não me ofereciam e o que não comprava.
Pensei em arrumar uma briga. Escolhi o mais fraco, baixo e mais cuzão. Mesmo assim me restavam dúvidas se era o cara exato. Resolvi apelar para os portadores de deficiência física. Avistei um cara de cadeira de rodas.
- É esse memo!

Corri em direção a ele com expressão de quem iria descontar tudo o que os portugueses nos causaram. Ele me parou com uma bala de vinte e dois no nariz e hoje eu falo fanho. Antes, eu só era feio. Agora, sou feio e fanho.


Duas Horas Antes

Eu simplesmente estava puto. As mulheres não conseguiam entender quais eram os seus verdadeiros papéis na sociedade contemporânea. Direitos iguais o caralho! Nunca vou me submeter a fazer um homem feliz!
Entrara numa birosca para satisfazer minhas necessidades fisiológicas. O banheiro masculino era colado no banheiro feminino. Assim, eu, que me preparava para uma punheta, que é o que substitui a mulher moderna na sociedade contemporânea e na arcaica também, comecei a ouvir vozes femininas na porta do banheiro ao lado. Fiquei excitado e comecei a me concentrar no que elas diziam.

- Vai logo, porra! Eu quero mijar!

Como um bom cavalheiro, enfiei a a cabeça para fora do banheiro masculino e disse:

- Não querem usar o masculino?

Neste instante eu vi que eram duas anciâs com vaginas elásticas inrretraíveis e cheiro de armazém abandonado, mesmo assim não voltei atrás em minha palavra.

- Estamos tão apertadas que aceitamos sua sugestão. Você é um rapaz raro. Tem educação.


As duas entraram levantando suas saias competindo pela única privada suja. Eu entrei também abrindo minha braguilha. Era uma situação anormal para qualquer habitante desse planeta, extra-terrestre ou-não.

- O que você pensa que está a fazer com essa benga-mola?

Neste instante, além de feio e fanho, fiquei mudo.

- E.. E... EEEEEEuuuuu vo vo vovovo mijar também!

Pensei que ia me dar bem com as coroas, mas elas me expulsaram do banheiro me perguntando se eu não tinha avó.

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