segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Puta Pra Casar

Puta mulher bonita! Puta mulher legal! Puta mulher louca! Putagostosa! Puta merda. Sentou-se do meu lado no balcão do bar sujomelando-me o cotovelo. Sorriu pra mim e me pediu dois cigarros. Bebeudo meu copo e sentou-se no meu colo. Ela tinha bafo. Fedia suor eestava besuntada. Seu cabelo cheirava maconha e faltava-lhe os dentesdo fundo. Acendeu um cigarro e colocou o outro na orelha. Chamou ogarçom e pediu um conhaque duplo, uma cerveja e uma coxinha. Espantouos mosquitos da cara e me pediu dinheiro para por na jukebox. Colocoufolhetim do chico e depois chorou no balcão feito viúva no caixão domarido. Ela tinha algo que me intrigava. Depois contou histórias dasua família e Ria parecendo feliz. Quando ia falar do pai, os olhos seenchiam de fogo e ela chorava de ódio. Contou histórias de como virouputa e a primeira tinha o pai. Ele a vendeu pela primeira vez aosdoze. Mas já a comia desde os nove. Maldito pior do que um porco sujo,dizia ela cerrando os dentes.Bebemos muito. Suas histórias de repente deram um salto de memóriasinfantis sadias para memórias infantis sádicas. Disse que na suaprimeira vez colou velcro. E que não tinha preferência entre homem emulher. Preferia os velhos porque eles pagavam mais. Pegamos algumasgarrafas e ela me puxou feito louca para sua motinha. Saiu cantandopneu e uma das garrafas caiu. Mas ainda sobraram três. Conhaque, vodkae menta. Puta adora menta. Ela saiu cantando não me lembro o quê, porque eu estava distraído com meu instinto de sobrevivência. Ela nãoparava nas esquinas. Fiquei são na hora. Fomos para a casa dela. Ondetambém era o seu consultório. Fumamos haxixe. Falamos muito. Elacolocou Raul Seixas na vitrola e cantou junto errando as letras.Dançou pelada pela casa. Eu não conseguia levantar do colchão cheio desemen seco. O que você está fazendo de roupa? Eu disse que não sabia.Ela riu dos pelos da minha barriga. Fez me coisas que nenhum amigofaria por mim. Nem eu mesmo faria por mim. Enquanto eu fumava umcigarro olhando pro teto na depressão pós-coito ela estendeu a mão edisse que era vinte reais. Eu paguei de bom grado. Assistimostelevisão e dormimos de conchinha.Quando acordei ela estava no tanque lavando roupa. Procurei umrestinho de bebida nas garrafas mas fui encontrar dois dedos deconhaque num copo sujo de batom. Bebi e fui ter com ela na lavanderia.Eu perguntei das minhas roupas e ela disse que as estava lavando. Suasroupas vão parar em pé! disse-me ela. Você gosta de mandioca amarela?Fiquei em dúvida sobre a resposta, afinal ela era uma prostituta epodia ser que tirasse um japonês do guarda roupa. Me puxou paracozinha e fritou mandioca. Ligou para um motoqueiro que conhecia epediu mais haxixe e mais cervejas. Eu disse que meu dinheiro tinhaacabado. Ela pagou tudo com o dinheiro do programa.Fumamos e bebemos e ouvimos alguns discos de vinil que ela guardavanum bauzinho decorado com quadrinhos semanais de um jornal local.Fizemos amor algumas vezes e eu pensei que estava endividado até opescoço, mas ela disse que tinha gostado de mim e que eu a merecia.Virou minha namorada. A gente tomava até sorvete na praça. Elacontinuava com os outros. Mas eu não tinha ciúmes. Até mesmo porqueeles patrocinavam nossas noites regadas a haxixe, alcool e cigarros.Muitos cigarros.Nosso amor acabou depois de uma crise de ciúmes em que ela rasgou orosto de minha prima com uma navalha.Eu teria casado com ela. Mas até encontrar uma garota que fiquecomigo e não brinque nas minhas costas eu serei o que eu sou, um homemsolitário.

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