quarta-feira, 25 de novembro de 2009

para Plath


"o que tenho comido, papai? sorrisos de mentira. não são muito nutritivos.
o que tenho feito, papai? tenho morrido com variedade infinita: enforcada, faminta, queimada, pendurada,
pai, tenho medo desta coisa escura que dorme em mim. o dia todo sinto seu roçar suave e macio, sua maldade. entre mim e mim, eu arranho feito gato."
papai chorou e soluçou, puro como uma agua fervente e isento de amor como uma tabuada. depois, com uma calma virulenta, me pegou no colo e me colocou num poço de cimento, onde eu cagasse, vomitasse e gritasse sem que ele pudesse ouvir.
aprendi a paz, deitada sozinha em silêncio
forrei o chão do poço com tulipas, que são vermelhas demais.

Um comentário:

  1. vive dizendo que me tem carinho
    Mas eu vi você com a mão no pau do vizinho.
    Ô Sylvia, piranha...
    Ô Sylvia piranha.

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