quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Nada Foi da Pior Maneira Impossível no Pior dos Cús-dos-Mundos Impossíveis

Quinze de Dezembro de dois mil e doze. O sertão virou mar e o mar virou sertão. Pegou fogo no gelo. Quem não sabia nadar, morreu afogado. Quem sabia, morreu queimado. Pegou fogo na água. Não adiantava mais ter descoberto a roda, muito menos o freio. Não importava mais o que te deviam, nem o que você devia. Não havia como parar a relatividade de tudo. Tudo girava desgovernadamente com imprevisibilidade de parada. As profecias estavam corretas. Ninguém mais ria dos mendigos, pediam conselhos. Eles sempre os aconselhavam a dar-lhe mais cinquenta centavos, já que a crostra terreste estava deslocada. Os céticos diziam que era a décima arte. Tudo encenado.

Quando a terra passou a girar ao contrário, os velhos ficaram jovens e os jovens viraram bebês. Os bebês voltaram para o útero e os espermatozóides voltaram para o saco escrotal de seus respectivos pais. Cada coisa parecia se encaixar novamente. Os mendigos é que ficaram putos e perceberam que algo não ia bem, já que voltaram os seus dentes na boca e precisavam escová-los. Recuperaram os empregos e consequentemente os seus uniformes. Os presidiários adoraram a idéia pois estavam livres novamente para cometer seus mesmos delitos com a experiencia adquirida na prisão. Os perus de natal tiveram seus pescoços reestabelecidos. Os peixes não precisavam mais comer merda e voltou a existir em Pindorama o pau-brasil.

Os loucos que são as verdadeiras pessoas desse mundo, voltaram a frequentar as jovens ruas da liberdade. Estavam menos entupidos de carbamazepina e diazepan e assim podendo fumar seus cigarros depois do café depois do almoço. As mães voltaram a ser amantes, os pais voltaram a ser putanheiros e Noé não pensava ainda em construir arcas. O gelo voltou a ser gelado e os vulcões adormeceram quase em paz. Os amantes voltaram a ser eles mesmos e já não existia nem igreja católica, nem aids e nem gonorréia. O câncer sempre existiu. O cigarro ainda nem fazia mal. As putas voltaram a ser virgens.

A terra voltou a girar para o lado da convenção. Milhões de catástrofes incomensuráveis atingiram nossa órbita e foi mais que um baque. A terra girava em movimentos desconexos anunciando que ia bater em alguma merda espacial. Os loucos ficaram sãos, aidéticos e chapados de carbamazepina. Noé quis construir uma arca, mas dessa vez, precisava ser a prova de fogo. Os espermas saíram dos sacos, fecundaram as vaginas de suas mães, os perus de natal destroncaram os pescoços automaticamente e jorrou lava de todo buraco fétido do planeta. Os mendigos gostaram por uma fração de segundos enquanto os seus dentes caiam fedendo.

O planeta virara um caos. Mas desta vez nem as formigas entendiam o que estava acontecendo. Para os cupins era o verdadeiro fim do mundo. Noventa e nove virgula oito por cento da população humana terrestre havia morrido.

Mas num lugarejo chamado Morto Ferreira, todos seguiam suas vidas normalmente. Eles eram atrasados o suficiente para não perceber algo acontecendo, a não ser que fosse suas filhas se casando com maconheiros e a prestação da maquininha de lavar calçada vencendo. A vida em Morto continuara sem muitos danos pscicológicos. Estavam preocupados com o barulho que o vizinho faz. A primeira coisa que os fez ficarem ensandecidos foi que o telefone e a internet não funcionavam mais. Os internautas se uniram aos góticos e aos heavymerdas para protestar;

- Queremos internet, queremos internet!

Ligavam nos zero-oitoscentos da vida e ninguém atendia. Os carteiros também estranharam o fato de não chegarem mais cartas de outros estados, nem de são paulo, nem mesmo das cidades vizinhas. Foi o paraíso. Na falta do que fazer, embriagavam-se em horário de serviço. Ninguém os mandava embora. E ninguém mais os pagava. A comida acabou nos supermercados.

Quando acabou o alcool e o tabaco, a cidade percebeu que o mundo havia acabado.

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkk... adorei!!! Humanos demais pra perceber alguma coisa. Credo.

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  2. o caos é lindo, diria Caê... ou não!

    sensacional, cabeludo!

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