sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Incomensurável Formigueiro

Todas as noites, passeias numa parte esquecida da mente universal
Onde não temos identidade,
Onde não temos rosto, gosto ou impressão vegetal.

Lá onde todos os seres se encontram,
E não se reconhecem;
Antigos amigos, amantes, credores, escravos, senhores ou plantas de estimação.

Lá onde ninguém morre, se questiona ou sente dor.
Lá onde escondemos nossos agradáveis fedores e guardamos nossa comida.
Lá onde vamos todas as inevitáveis noites de agonia.

Vamos, perdidos e com medo do escuro
Na fumaça que aumenta a alma do desconhecido
Que nos surpreende a cada trago, a cada tosse, a cada maço.

Tendemos à luz e ao descontrole do universo,
Tendemos aos bares e aos becos sem saída,
Tememos a água fria.

Resvalamos em planetas e asteróides embriagados
Pela infinidade de informações que coordena os menores organismos,
Nos maiores formigueiros.

Fugimos de nós mesmos com a ajuda do outro,
Desperdiçamos a alvura dos encontros,
Perdemos o melhor do ser,
Tendemos a envelhecer,
E a esquecer.

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