quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mais Uma Daquelas Piadas Sujas de deus

Minha mãe sempre dizia:
- Odeio gente que peida, arrota, comete incesto e conta piadas sujas.

Por ironia do destino, ela se casou com um peidorreiro, seu primo de primeiro grau e teve dois filhos. Um arrota sem parar e o outro, não pára de contar piadas sujas. Um deles nasceu as cinco da manhã de uma segunda feira por cesariana no mês do cachorro louco, no mesmo dia em que o Bukowski. Dois anos e seis meses depois do primogênito nascer prematuro, um mês antes e defecar no útero. Ou seja, nasci no meio da merda.
Foi assim minha vida toda. Sempre que minha mãe tentava falar sério, meu pai peidava em mi maior, meu irmão arrotava desafinado e eu dizia:
- Que bucetagem é essa? Foi você mamãe?
Logo nas primeiras vezes, ela dizia, vocês não têm vergonha?
Meu pai peidava em mi maior, meu irmão arrotava desafinado e eu dizia:
- Eu nasci sem.
Meu pai fumava sem parar do lado do meu berço, soltava fumaça na minha cara de nenê, chapado de pinga e eu ria pra ele. Só chorei pra ele quando ele tirou o bigode. Ele parou de beber e de fumar quando o médico disse que ele não veria os filhos crescerem. Se ele soubesse o que a gente seria, teria tomado três garrafas de pinga e fumado cigarros até dar câncer no cú. Mas não, ele aguentou o posto de operário numa fábrica de garrafas de cerveja durante trinta e cinco anos sendo encochado no metrô e nos sustentou pra ver. Quando eu tinha quinze anos ele me disse que deveria ter batido uma punheta. Logo pra mim que era o seu pior esperma. Nascido sem orgasmo. Olhando pra mim e para meu irmão, vê-se nitidamente que meu pai gozou quando o fez e eu fui um azar do destino. Uma foda mal dada. Mais uma piadinha suja de deus. Pior que o peido de papai, o arroto afônico de meu irmão e minhas piadas sujas.
Eu adorava papai. Mesmo quando ele me dizia que eu não sabia limpar a bunda e que do jeito que eu fazia, eu espalhava a bosta entre as nádegas. Amava meu irmão, mesmo quando ele me sangrava o nariz e dizia que eu tinha caído sozinho. Tá certo que matei alguns pintinhos afogados e não confessei o crime. Ele foi quem pagou os pintinhos. Amava ouvir minha mãe dizendo que eu era um mal criado, principalmente porque adimitia o próprio erro sem saber. Amo todos. E papai ainda hoje peida e meu irmão ainda hoje arrota fora do tom e mamãe odeia ainda tudo isso, e eu tenho que fumar na varanda porque meu pai peidorreiro tem bronquite crônica e asma e ainda continuo com as piadas sujas, que só perdem para as piadas sujas de deus. E isso era para ser uma homenagem à Carol.

5 comentários:

  1. Cleokowski,

    Que delicia te ler. Que delicia me ver aqui!
    Se vc é uma piada suja de Deus... é a melhor que ele contou! Amém.

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  2. delícia maior é cair num pára-quedas furado no meio dessa coisa toda e perceber que mesmo sem procurar, encontrei tudo oq eu sempre quis...

    ainda hoje pensava se eu devia ou não escrever uma carta ao aviador, avisando-lhe que seu pequeno príncipe estava de volta ao deserto e que eu o tinha encontrado... hora ou outra eu faço isso.

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  3. Cade vc Cleooo.... Cade seus pensamentos..

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  4. maravilhoso!!!! to aqui em casa q nem uma louca batendo palma em frente ao computador... doente!

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