sábado, 7 de novembro de 2009

Ensaio Sobre a Solidão

Esse grande mal que assola a humanidade moderna. Estar sozinho não significa apenas não ter ninguém em casa e poder se masturbar no cômodo em que melhor lhe aprouver. É morar na maior cidade da america latina e não ter com quem conversar. É como ter um telefone mudo. É como ser ateu e fazer suas orações antes de dormir. É se sentar em todas as cadeiras da casa e não gostar de nenhuma. É sentar no chão e chorar feito um bebê o esmurrando. É como ouvir uma canção marroquina e entender toda a letra. É broxar numa punheta. E mais outros tantos exageros.
Ainda bem que no inverno passado no maior calor eu comprei um Kit Solidão. No Kit vem pizza de atum, vinhos e cigarros, milhões de cigarros. Falando nisso, preciso ligar para o PROCON, ainda me sinto sozinho. Já conversei com todos os móveis da casa que são raros e mudos. Comi metade da pizza e vomitei. Telefonei para vários amigos mas nenhum atendeu. Tentei falar com deus mas acho que ele é surdo mudo ou esnobe demais para falar com um alcóolatra ex-nóia. Só queria falar com alguém para ter a certeza de que ainda estava vivo. Ainda bem que a vizinha berrou ensandecida para que eu abaixasse o som me chamando de veado. Estava pronto para a próxima meia hora. Joguei biriba sozinho sem ter a menor noção de como se joga isso sem baralho. Fiz cooper dentro de casa e fritei alguns tomates. Li algumas páginas de mil novescentos e oitenta e quatro e tentei puxar assunto, provocar e tomar uma geral da polícia do pensamento, mas a polícia do meu pensamento é bandido. Resolvi então alimentar meu cancer que é o único que não me abandonará enquanto não me matar. Fumei um maço de eight feito louco e a primeira garrafa de vinho me abandonou pelo pênis. Meu almoço aproveitou a deixa para me abandonar pelo cu. Por sorte não foi só o câncer que não me abandonou. Tive uma ereção involuntária e me masturbei pensando em mim mesmo por não lembrar de mais ninguém. Dez minutos de desbundo olhando para o teto e para a fumaça do cigarro. Se conhecesse algum ponto de prostituição por perto, estava disposto a pegar nem que fosse um veadinho, mas era bem provável que ele me rejeitasse.
Ela voltou mais avassaladora que nunca que cheguei a me preocupar com minha sanidade, coisa que sempre achei que nunca tive. Fui até o orelhão da esquina, liguei pra casa e corri para atender. Tentei me masturbar outra vez, mas até o tesão me abandonara. Desisti, aceitei e agradeci estar sozinho. Caí no sono e sonhei que era natal e todos estavam felizes inclusive eu quesempre odiei tudo aquilo pela necessidade falsa de estar feliz. Bebemos muito e falamos sobre tudo. Ainda não acordei e tomara que nunca mais volte a acordar.

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