quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Cagada

- muito prazer, meu nome é Cagada. Na verdade meu nome é outro. Mas faz tanto tempo que me chamam de Cagada que esqueci meu nome de batismo. O desprazer é todo seu. Essa noite eu comi uma loira linda. Nunca ela tinha tido espinhas na vida ou a cachaça era boa mesmo. Mulher de revista. Photo Shop na veia. Quando ia penetrá-la acordei com o ferro de passar quente na cara. Logo pensei:
- um negão feio desse com uma loira dessa, só pode ser sonho!
A Maria quase me matou com uma ripa. Todo dia eu chegava chumbado e ela me batia com a canhota. Ela tinha um metro e meio. Eu tinha dó de bater nela, então apanhava feito macho.

Três meses se passaram e eu continuava apanhando. Como ela só batia com a canhota, meu perfil direito estava se desfigurando. E era meu melhor ângulo.
Certo dia cansei de apanhar e resolvi abandonar o lar. Fugi, ó feiticeiras, ó asco, ó pais de santo. Fui procurar outra carolina. Procurei uma destra porque meu lado direito estava latejando.
Ela me dizia que nunca tinha conhecido alguém como eu, que amava meu cheiro e que nem o cigarro conseguia encobrir. Me batia toda noite sem dó. Descontava tudo o que tinha passado no ônibus lotado na minha cara de pinguço. E eu sorria, já quase sem dentes. Esse amor durou seis meses. Quando meu lado direito ficou tão desfigurado quanto o esquerdo e meu nariz foi desintortardo para o meridiano de Greenwich, eu procurei uma ambidestra.

Ela apareceu, batendo escanteio com os dois pés. Hoje vivo contente com o rosto simétrico, porque ela me bate em todos os lados, não há tempo de entortar. E você pensa que eu sou bonito? Bonito não, eu sou o Cagada.

2 comentários:

  1. o essencial é invisível aos olhos! vc tal e qual uma mulher de Nelson Rodrigues, gosta mesmo é de apanhar...

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  2. consegui VER a historia.
    prazer, meu meu nome é sara.

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