segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Soldadinhos de Deus

O soldado empunha imponente mas não impunemente e recarrega a pistola com uma bala apenas, enquanto sua pupila se dilata, seu cú se aperta e inevitavelmente seu pênis se move pelo uniforme mas não chega a ser uma ereção. Dá um giro de trezentos e sessenta graus medindo o horizonte do campo de batalha e aparentemente estava tudo limpo, mas para Zuleide, sua mãe, aquilo estava uma anarquia. Uma ratazana atravessa o cenário da guerra e o estrondo causado, captado pelo seu nono sentido aguçado pelas barbáries que presenciara nessa guerra, o fez achar que fosse o inimigo, quase pondo fim à vida desse mamífero roedor. Todos os amigos de bandeira que outrora brigavam entre si nos bares dos suburbios pela mesma garota, por dinheiro, times de football ou mesmo sem nenhum motivo aparente senão a doença social que eles pegavam nos ônibus e metrôs lotados, nas filas, na atmosfera de cigarro, napalm e substâncias que não sei o nome ou são desconhecidas ainda pelos seres humanos, tinham ficado no caminho nas mãos do inimigo. Ofegou e rolou por debaixo da cama para se esconder atrás do criado-mudo. Ofega outra vez e o suor da testa escorre nos olhos. Seu inimigo é paciente, onipresente, onipotente, onisciente, onihomicida, imortal, indestrutível, vaidoso e eterno. Parecia-lhe loucura tentar matá-lo com uma bomba atômica, ainda mais com uma pistola com uma bala só. Mas a pistola não era para o inimigo. Se não se pode vencê-LO, junte-se a ELE.
Ele fez a quadinha de Jesus que era assim um pedido de desculpas e um pedido de ajuda:
- Jesus anda comigo, comigo Jesus está, eu tenho Jesus por mim, contra mim ninguém será.
Achou que descansaria, mas se perturbou em paz para sempre. Amém. Deus está presente. Viva Jesus. Bororó.

Um comentário:

  1. Um quase ex soldadinho de Deus10 de novembro de 2009 às 12:21

    Deus está presente e viva Jesus, O Cristo estadista aqui já vem em nossos corações para sempre. Amém.

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