terça-feira, 20 de julho de 2010

A Última Primavera

Não desespera no fim da era.
Aceita o que te espreita.
Assiste o que resiste.
Consola o que te assola.
Corre e morre.

Deixaste as tuas sementes
Esmagadas entre os dentes.
No abraço da serpente,
Abandonaste as tuas crias,
Sem oriente
À mercê dos dias.

A aurora agora te apavora.
Conta hora por hora
O tempo,
Num relógio parado e sem ponteiro,
A inconstância dinâmica
Do teu dia inteiro.

Morre de medo,
Acorda cedo,
Chupa o dedo,
Fica pego.

Zero a zero.
Sincero
Perdoa todos os devedores,
Aliviado
Esquece-se dos credores
Vagando nos arredores
Por frios corredores,
Triste,

Espera ofegante a tua última quimera,
Ora, ora o ateu que deu adeus a deus!
Se entrega, não mais nega,
A última primavera dessa Era,
Que já era.

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